A ATUAÇÃO DOS TUTORES NA MODALIDADE EAD
RESUMO
Rozania Maria de Souza1
José
Augusto Silva Rocha2
Curso
de Pós Graduação – Especialização em Metodologias e Gestão para EaD
Jundiaí
- SP
RESUMO
O presente trabalho refere-se ao
TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) - requisito obrigatório para a conclusão
do curso de Pós-Graduação em Metodologias e Gestão para EaD, promovido pela
Anhanguera Educacional. “A atuação dos tutores
na modalidade EaD”, é o tema abordado e diz respeito ao desconforto que
ocorre quando se ouve reclamações por parte dos acadêmicos, especialmente
quando percebemos a evasão dos mesmos por motivos não justificáveis. Neste
artigo, buscamos respostas para inquietações como: a) Estas situações são de
responsabilidade das tutorias? b) Será que as tutorias não têm acompanhado,
interagido, orientado, motivado, estimulado e incentivado o acadêmico
adequadamente e o suficiente para a autonomia e a responsabilidade da autoaprendizagem?
c) Ou será que, o “burbúrio” existente, deve-se a interpretações equivocadas
por parte dos acadêmicos sobre a real função e as diferentes responsabilidades
existentes entre as Tutorias? Somado a falta de maturidade do aluno para com a
modalidade da Educação a Distância? Depois de estudos dirigidos e aprofundados
durante este curso de Especialização Lato
Sensu, de pesquisas bibliográficas e de observações realizadas in loco além de entrevistas com docentes
e discentes, como metodologia adotada; acreditamos que conseguimos encontrar
respostas para nossas inquietações as quais compõe o item considerações finais.
Palavras-chave: Educação a distância; Professor;
Tutor a distância;
Tutor Presencial; Aluno EaD.
1 Autora –
Graduada em Administração de Empresas, Pós-Graduada Especialista em Marketing
Empresarial e Pós-Graduanda Especialista em
Metodologia e Gestão para EaD.
2
Orientador – Graduado em Matemática
Plena, Pós-Graduado em Docência no Ensino Superior com ênfase em Avaliação.
INTRODUÇÃO
No contexto da teoria existente pertinente a EAD, a Tutoria é enfatizada
como a função que sustenta o sucesso da resposta positiva do acadêmico, nesta
modalidade de ensino. Assim, esse artigo visa ressaltar e reforçar as
principais atividades da Tutoria <Presencial e Virtual>, a fim de
confrontar o que propõe o contexto funcional e o grau de satisfação dos
estudantes.
Os bastidores do mundo acadêmico despertam a necessidade de investigar e avaliar,
o que está faltando na atuação da Tutoria, tendo em vista, o que predispõe o conceito
ideal proposto pelos estudiosos da Educação a Distância. Regularmente, tem-se
verificado por parte dos alunos: reclamações diversas, aumento no grau de
insatisfação e considerável evasão; especialmente entre o segundo e o terceiro
semestre letivo. Diante deste contexto, nos perguntamos: a) Estas situações são
de responsabilidade das tutorias? b) Será que as tutorias não têm acompanhado, interagido,
orientado, motivado, estimulado e incentivado o acadêmico adequadamente e o
suficiente para a autonomia e a responsabilidade da autoaprendizagem? c) Ou
será que, o “burbúrio” existente, deve-se a interpretações equivocadas por
parte dos acadêmicos sobre a real função e as diferentes responsabilidades
existentes entre os tipos de Tutorias e o Professor EaD. Somado a falta de
maturidade do aluno para com a modalidade da Educação a Distância?
Este estudo objetiva explorar e fundamentar as atividades, assim como,
identificar possíveis deficiências na atuação das tutorias; percebidas e
apontadas pelos acadêmicos, no tocante ao atendimento do desejo e das expectativas
individual e coletiva. Também com relação à obtenção de apoio, orientações e
explicações que contribuam para a intensificação e qualificação de um maior aprendizado
para a formação profissional. Cuja proposta deve acontecer através da mediação,
do diálogo, do feedback, do incentivo
ao desenvolvimento de ideias teórico-curriculares e da troca de experiências de
melhores práticas. Sempre atendendo ao plano de ensino disciplinar e os conteúdos
programáticos contemplados na grade curricular de cada curso.
A fomentação constante e criativa por parte dos tutores para o exercício do
pensamento crítico acadêmico, a geração de ideias próprias, da
autocredibilidade e da autoafirmação, deve encabeçar o rol de atividades deste
profissional. Pois, este processo é o que conduzirá o aluno EaD ao sucesso
profissional no mundo moderno.
1 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para atender as necessidades do mercado de trabalho, foi percebido por
especialistas da área educacional, que a única forma de oferecer uma formação
continuada seria através da massificação do ensino-aprendizagem.
Assim, com base nas ideias precursoras de Henry Ford, especialmente sob o
conceito de produção em massa, oriunda de um processo padronizado; surge a EaD para
oferecer em grande escala a oportunidade de uma formação educacional. Seu
grande diferencial é a facilidade do processo de estudo e a flexibilidade de
tempo e espaço, promovida pela interatividade tecnológica. Esta forma de ensino
foi criada e implantada para que, toda população residente em localidades
distantes dos grandes centros urbanos, também pudessem ter a oportunidade de se
qualificar e conquistar uma vida melhor.
Por isso, quando a pergunta é: “O que é EaD”? – diversas respostas são
encontradas; como podemos evidenciar a que foi publicada no portal http://www.ead.com.br e diz: “O ensino a
distância é uma modalidade que usa a tecnologia como principal aliada. Veio
para facilitar o ingresso de alunos ao ensino superior”. Já, o Professor
Valdivino Alves de Sousa assinando o texto publicado no portal http://www.mundovestibular.com.br
apresenta a definição de EaD na íntegra como consta da legislação nacional:
Educação a distância é
uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de
recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes
suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados
pelos diversos meios de comunicação. (Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de
1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei n.º 9.394/96.).
O Professor José Manuel Moran (2011), um dos grandes estudiosos do
assunto, define EaD, como sendo:
um processo de ensino-aprendizagem, mediado por
tecnologias, em que professores e alunos estão separados espacial e/ou
temporariamente. É ainda ensino-aprendizagem em que professores e alunos não estão
normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por
tecnologias, principalmente as telemáticas como a internet. (...).
Fagundes
(1996) diz que:
A
EAD pode assumir um novo papel dentro de uma sociedade em transformação. Mas,
para isso, é necessário que a EAD também assuma novas concepções, servindo
a
uma aprendizagem contextualizada e cooperativa, que atinja tanto as novas
gerações quanto os indivíduos já em atividade profissional que necessitam
reaprender constantemente e desenvolver novas habilidades.
Endossando a definição de Fagundes e considerando que
“a nossa sociedade é uma sociedade aprendente” como define Assmann (1998), podemos
afirmar que a Educação a Distância ganhou impulso graças a evolução
tecnológica. Cuja facilidade de acesso oportunizou a disseminação da construção
do conhecimento em toda sua amplitude; favorecendo uma formação continuada a
todas as pessoas que tem interesse em aprender e se especializar a partir da
autonomia do estudo.
A maioria dos alunos iniciantes ou pouco participativos confundem as funções
e as responsabilidades dos professores e dos tutores. A falta de conhecimento e
de preparo para esta metodologia faz com que muitos estudantes não consigam
responder ativamente o processo do ensino-aprendizagem proposto, ocasionando o
descontentamento e muitas vezes a evasão. O aluno EaD, precisa ser
conscientizado de que nesta modalidade, ele não simplesmente figura, mas sim, faz
parte/participa. Ou seja, ele integra o processo do ensino-aprendizagem e sua
função é totalmente embasada na autogestão.
Mesmo com a expansão da EaD nos últimos anos, ainda há uma relevante
deficiência teórica sobre as especificidades das funções de cada participante
nesta modalidade de ensino. O que se encontra pode ser considerado como a base
de um rol de atividades e responsabilidades de cada profissional. Entre outras
razões, e por ser esta modalidade, considerada complexa e ainda desconhecida
por boa parte da população, cada Instituição, opta por construir sua própria estrutura
funcional de acordo com o que pretende oferecer ao aprendiz, tanto em ensino
quanto em qualidade educacional.
Ao aprofundarmos os estudos sobre a
EaD, podemos ver que as responsabilidades se dividem e se complementam. O Professor
tem a responsabilidade de selecionar e ministrar o conteúdo desenvolvido em
linguagem adequada e específica ao público-alvo e fazer com que este seja
disponibilizado através das ferramentas tecnológicas existentes e de fácil acesso
aos usuários. Já a função da Tutoria é divida em duas: a) Tutoria a Distância -
faz a mediação entre o estudante e o professor e b) Tutoria Presencial - tem
como principal responsabilidade o corpo a corpo com o acadêmico. É deste
profissional, a missão de: motivar, incentivar, acompanhar e principalmente trabalhar
a relação teoria X prática do conteúdo ministrado. O estudante por sua vez, tem
sob sua responsabilidade o equivalente a 60% (sessenta por cento) da construção
do seu conhecimento. Cuja responsabilidade é composta por: autodisciplina, autoestudo,
autogerenciamento, entre outros quesitos que a flexibilidade de tempo e espaço
oferecida pela metodologia EaD oportuniza para a formação continuada sob
autogestão.
Para concluir esta parcialidade, devemos ressaltar que outros
profissionais <produtores de conteúdos, designers instrucionais e pedagogos>
também estão inseridos no contexto operacional desta modalidade de ensino e assumem
a difícil tarefa de repensar, criar, desenvolver e encontrar a forma mais
adequada e completa de apresentação do conjunto de materiais didáticos e
pedagógicos a ser utilizado por professores, tutores e acadêmicos, garantindo a
facilidade de leitura, e principalmente a interpretação e compreensão do aluno
na hora do autoestudo. São também responsáveis pela disponibilização dos mesmos
no AVA, em tempo hábil para que se possa atender ao cronograma pré-estabelecido
pela Instituição.
2 CORPO DOCENTE NA EAD
A função do Docente em EaD é considerada complexa, tendo em vista as
diversas responsabilidades e as dimensões pertinentes a área didática, a área pedagógica
e agora mais do que nunca a área tecnológica que faz do docente um eterno
aprendiz. Com esta concepção Belloni
(2003) distribui a função do docente em sete atividades, são elas: Professor
Formador, Professor Conceptor e realizador de cursos e materiais, Professor
Pesquisador, Professor Tutor, Professor Tecnólogo, Professor Recurso e
Professor Monitor.
Cada professor, independente da atividade que exerce, não pode perder sua
identidade e através dela deve focar o ensino-aprendizagem. Neste contexto e de
forma resumida complementamos a informação desta renomada estudiosa,
ressaltando as principais funções de cada atividade. O professor formador –
orienta o estudo e a aprendizagem; o professor conceptor – prepara os planos de
ensino; o professor pesquisador – promove a constante atualização dos conteúdos
e reflete sobre a prática pedagógica; o professor tutor – orienta o aluno e
participa das atividades avaliativas; o professor tecnólogo – organiza os
conteúdos e responde pelo suporte técnico - assegurando a integração entre a
equipe técnica e pedagógica; o professor recurso – responde as dúvidas e dá
suporte a questão da organização dos materiais didáticos e atividades
avaliativas; por último o professor monitor – coordena e orienta os estudantes
na exploração dos temas estudados.
Nessa perspectiva e
verificando-se que o “ensino e
aprendizagem no espaço virtual são bem diferentes e demandam a mediação do
professor” (Moran, 2000), especialistas em
educação tem uma única opinião quando se diz que a EaD renovou o conceito da
atividade do docente. Portanto, vamos analisar as
principais funções de cada um.
2.1 Professor
O Professor EaD (conteudista)
tem a responsabilidade de escolher, selecionar e elaborar: o conteúdo
programático da disciplina, as atividades avaliativas e os exercícios de
fixação para posteriormente serem, analisados, discutidos e se necessário, adaptados
pela equipe pedagógica.
Almeida (2003) redefine o papel do professor e afirma que ensinar nesses
espaços significa:
Organizar situações de aprendizagem, planejar e propor
atividades; disponibilizar materiais de apoio com o uso de múltiplas mídias e
linguagens; ter um professor que atue como mediador e orientador do aluno,
procurando identificar suas representações de pensamento; fornecer informações
relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações e a
realização de experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos;
favorecer a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a
aprendizagem significativa do aluno.
Podemos complementar o pensamento da
Professora Doutora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, enfatizando que o Professor Conteudista deve ter domínio
e manter-se atualizado com as novidades da disciplina sob sua responsabilidade;
assim como, estar atento para com as implicações que a mesma promove ou sofre perante
as demais áreas do conhecimento. Este profissional deve também, ser
comprometido consigo mesmo, com seu grupo de formação e com a equipe
multidisciplinar.
2.2 Professor
Tutor
Dentre as várias teorias existentes, Silva
(2008) ressalta que o tutor é um facilitador, é ele quem ajuda o estudante a
compreender os objetivos do curso, torna-se um observador e é capaz de
compreender as dificuldades e ajudar o aprendiz na resolução dos problemas de
maneira adequada. O professor tutor é também a pessoa responsável pela
mediação dos alunos com os conteúdos, estimulando debates e esclarecendo
dúvidas.
Segundo Belloni (2003), para desempenhar bem o seu papel, o docente EaD, deve
ter conhecimento de tecnologia da informação e estar disposto a constantes
capacitações nesta área. Deve ter capacidade e habilidade pedagógica para
promover a orientação e a motivação do aluno e também
estar aberto a críticas, para conduzir de forma dinâmica e sintetizada as
explicações sobre as diferenças existentes entre a modalidade EaD e a
tradicional, àqueles que ainda possuem incertezas da viabilidade desta nova
forma de ensinar e aprender. Azevedo (2003 apud
VARGAS, 2006) afirma que “o
fato de um professor ser especialista em sua área e ser um bom professor
presencial não significa que ele, automaticamente, saberá atuar diante de uma
turma em um ambiente virtual de aprendizagem”.
Por isso, é preciso dar destaque à importância da capacitação ou formação
pedagógica específica para esta
metodologia.
Da mesma forma, é imprescindível para este profissional ter habilidade no relacionamento
interpessoal e que de forma pró-ativa
valorize um processo de formação flexível, com abertura para os constantes diálogos e negociações durante o período da aprendizagem (CARVALHO,
2007).
Para que a Educação a Distância, atinja o máximo grau de
qualidade na oferta do curso, as Instituições de Ensino que prezam e valorizam
a educação na sua plenitude, adotam e dividem a função e as responsabilidades
da Tutoria em: Tutoria a Distância e Tutoria Presencial e também atentam para
que os profissionais que exercerão estas atividades tenham formação específica na área de ensino, habilidade investigativa e de
pesquisa, além de competências pedagógicas, tecnológicas, didáticas, pessoais,
linguísticas e de trabalho colaborativo.
2.2.1 Tutor
a Distância (TTD)
Collins e Zane (1996, apud Pallof; Prat, 2002) reconhecem as
inúmeras tarefas e papéis exigidos do
professor online em quatro áreas
distintas: pedagógica, gerencial, técnica e social.
Jesus
(2011) evidencia a função pedagógica da seguinte forma:
o tutor tendo domínio do conteúdo pedagógico fomenta um ambiente social,
amigável, essencial à aprendizagem online.
Auxilia os alunos a caminharem por uma estrutura flexível, explorando não só os
materiais do curso como também buscando outras fontes e estabelecendo debates.
No ambiente online, o professor
assume o papel de facilitador, conduzindo o grupo ao pensamento crítico, sempre
suscitando a autonomia do aluno e a construção do conhecimento.
Collins e Berge (1996, apud Pallof; Prat, 2002) referem-se à função
social como:
estimulo as relações humanas,
com a afirmação e o reconhecimento da contribuição dos alunos; isso inclui
manter o grupo unido, ajudar de diferentes formas os participantes a
trabalharem juntos por uma causa comum e oferecer aos alunos a possibilidade de
desenvolver sua compreensão da coesão do grupo.
Esta tarefa do envolvimento
social fará com que aluno sinta-se motivado no decorrer da sua vida estudantil.
O feedback fornecido
regularmente pelo tutor impulsionará a autoestima e a autoconfiança do
estudante. Como defende
Jesus (2011), a utilização de estratégias de comunicação via comunidades
virtuais, como os fóruns colaborativos e tira-dúvidas; cria um ambiente
confiante e aberto e toda a comunidade. Que por sua vez, consegue perceber que estes
ambientes são compostos por pessoas e que todas elas trazem consigo uma
experiência de vida e saberes a serem compartilhados.
Para que o acompanhamento de
uma turma virtual seja eficaz, o Professor Tutor deve manter certa disciplina
no atendimento. De forma que o acadêmico consiga sentir a constante presença do
docente, independentemente da ferramenta (síncrona ou assíncrona) utilizada. Assim,
para atender as expectativas do acadêmico, o tutor deve adotar a prática da
agilidade nas devolutivas e elaborá-las com qualidade e abordar todo o
questionamento do aprendiz. (JESUS, 2011)
nos observa que “o tempo exigido nos ambientes virtuais é grande, é
preciso gerenciá-lo e ajudar os alunos a fazer o mesmo”. Portanto, é
imprescindível que o tutor conecte-se regularmente para responder e-mails,
orientar, acompanhar os fóruns, intermediar debates, entre outros afazeres
pertinentes a interatividade.
Segundo Azevedo (2005)
é preciso que o tutor crie e
organize rotinas e escolha de modo consciente aquilo que vai e o que não vai
fazer de acordo com o que é realmente importante. A sensação de presença
constante do professor é resultado da combinação de dois fatores: a assincronia,
que permite a comunicação, mesmo quando as pessoas não estão conectadas ao
mesmo tempo e a regularidade de conexão do tutor, que não precisa ocorrer o
tempo todo, mas deve seguir um padrão (pela manhã, à tarde, toda noite, ou um
pouco em cada turno).
Vale ressaltar que alguns
teóricos afirmam que o “silêncio
virtual” do aluno, nem sempre é negativo e Gonçalves
(2006) endossa essa opinião, quando diz: “em alguns momentos, o professor deve
respeitar o silêncio dos alunos e não ser invasivo, pois suas intervenções
podem ser ineficientes”.
2.2.2 Tutor Presencial
(TTPRE)
Por ter a EaD uma formatação diferenciada, onde a
flexibilidade de tempo e espaço é a sua linha mestra, a presença do Tutor
Presencial é indispensável, para orientar e apoiar os estudantes na adaptação
desta modalidade de ensino. Promovendo o desenvolvimento da autoconfiança e a
capacidade individual da mudança na cultura estudantil. A tarefa de conscientização
do acadêmico na postura ativa e participativa é a maior responsabilidade do
tutor presencial, assim como, fazer com que o aprendiz consiga conquistar e se
adaptar de maneira rápida e irreversível a responsabilidade individual pertinente
ao papel do acadêmico EaD, ou seja, o aluno deverá conseguir ter autodisciplina,
realizar autoestudo e especialmente ter capacidade de autogestão.
O trabalho do tutor presencial é intenso e sua presença em sala de aula é
fundamental. O acompanhamento assíduo nas discussões teóricas, a orientação da
participação dos alunos nos debates, a verificação da qualidade e o
comprometimento das relações interpessoais e a existência de possíveis desvios
de interesse, são atividades que precisam ser realizadas in loco.
Enfim, ao exercer plenamente suas
funções pedagógicas, sociais, gerenciais e técnicas, o Tutor Presencial deve
ter em mente que sua missão exige também: a capacidade e a habilidade em estimular
e promover a formação de grupos de estudo, incentivar e ensinar o uso dos
recursos tecnológicos disponibilizados para a aprendizagem, especialmente a
participação ativa e constante nos fóruns e chats
(gerenciados pela tutoria virtual); bem como a aplicação das atividades
presenciais obrigatórias. Estimular os estudantes a criarem novos hábitos e
comportamentos, no sentido de traçarem uma estratégia de desenvolvimento
intelectual dentro do cronograma do curso e apoiar os alunos no que tange ao
conteúdo específico da área de formação. Tirar suas dúvidas e apontar-lhes
alternativas para a aprendizagem e resolução de problemas, recomendar leituras,
pesquisas e atividades complementares, como por exemplo: aguçar-lhes o desafio
da experimentação.
Fica evidente
assim, a importância da atuação deste profissional que promoverá, em diferentes
momentos, o convívio e a interatividade entre alunos e demais personagens do
processo da EaD. Cabe também ao tutor presencial, promover o exercício da
interatividade, da colaboração e do incentivo ao intercâmbio de experiências
entre os alunos. Privilegiando e reforçando a comunicação em grupos, corroborando
na construção do conhecimento coletivo.
3 O ALUNO EaD
Maia (2007) afirma que na
Educação a Distância “o centro do processo de ensino e aprendizagem não é mais
o interesse do professor na disciplina, mas sim o que o aluno precisa aprender”.
Sob esta nova percepção, o
aluno EaD deve ser capaz de estudar em ambientes informatizados, deve ser
autodeterminado e ter capacidade de selecionar e tomar decisões. Deve desenvolver
o autoestudo, adotando uma metodologia própria, participar de grupos de estudos
presenciais e virtuais, além de adquirir desenvoltura no decorrer das
atividades estudantis, praticando a inserção no ambiente profissional.
São também características do aluno desta modalidade de ensino: autonomia e automotivação,
independência e autodisciplina, ter habilidades de gerir o seu próprio tempo e
de conseguir realizar as tarefas correspondentes a cada tema estudado, assim
como, ter familiaridade e habilidade com as ferramentas tecnológicas
existentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A principal característica da EaD é a coletividade, ou seja, todo o processo educacional é planejado, desenvolvido e executado por uma
equipe multidisciplinar, com foco no aluno que é o ator principal. Por isso, é
denominado por alguns estudiosos de “ensino multifacetado”. Esta modalidade de
ensino exige funções especializadas para compor o programa do curso, que deve
atender na íntegra todos os requisitos didático-pedagógicos exigidos pela
legislação nacional. Assim, partindo da veracidade da expressão coletiva de que
na educação a distância “são as instituições quem ensinam”, é possível entender
o grau de complexidade das funções atribuídas ao corpo docente, diferentemente
da executada no ensino tradicional.
Na ótica da sociedade, o “Professor” ainda é
tido como um ícone referencial. Por isso, com o advento da globalização e mais
recentemente com a crise da economia internacional, somado aos movimentos
sociais voltados para a sustentabilidade, para a responsabilidade social e para
com o meio ambiente; o Docente EaD, tem a responsabilidade de estar em
atualização constante na sua área de conhecimento e no tocante as inovações
tecnológicas. Ele deve ser pró-ativo e estar preparado para sempre ter alternativas
de solução ao ser questionado pelos aprendizes e também pela comunidade
estudantil.
Na concepção desta metodologia, os Professores
e os Tutores passam a ter uma nova função, muito mais rica e valiosa, pois, sem
deixar a responsabilidade de ser um transmissor de conhecimentos, passa também a
ser um orientador, um amigo, um conselheiro do estudante. E com esta nova atuação,
o Docente promove um aumento do grau de confiabilidade e autonomia no
acadêmico.
Considerando os estudos realizados, é
possível observar que muitas reclamações nos bastidores do mundo acadêmico, não
são provenientes da atuação dos Tutores <Presenciais e a Distância>. Mas,
sim de fatores operacionais, como por exemplo: atraso na entrega e
disponibilização de materiais didáticos; falta de devolutivas dos setores
administrativos, financeiros e secretaria; falhas no sistema tecnológico que
dificulta o acesso do acadêmico no portal e em especial no AVA (ambiente
virtual de aprendizagem). As ferramentas assíncronas como os Fóruns, nem sempre
são desenvolvidas de forma facilitada para a participação do estudante. O horário de atendimento da Tutoria a
Distância no Chat (sala de bate papo)
é incompatível com a disponibilidade de horário do acadêmico para a interação
síncrona.
Uma das grandes reclamações dos estudantes
refere-se a orientações mal elaboradas no tocante as atividades avaliativas
(desafios de aprendizagem, atividades práticas supervisionadas, questões de
provas, etc.), onde na maioria das vezes não transmite claramente o objetivo
final da atividade ou a finalidade a que se propõe tal exercício/estudo. A indisponibilidade
de material bibliográfico atualizado nas dependências da biblioteca; os
Livros-Textos indicados, muitas vezes com redação complexa, que não colaboram e/ou
até dificultam a aprendizagem autônoma, assim como o atraso na entrega dos
mesmos, ficando o acadêmico sem material pessoal para o autoestudo. A
biblioteca digital com pouca disponibilidade de referenciais e os materiais
complementares ou de apoio (artigos e vídeos) são constantes de links
desatualizados ou conteúdos com grande extensão, geralmente disponibilizados em
cima da hora da aula, impossibilitando o estudo prévio do conteúdo, como prevê
a metodologia EaD, além das deficiências de laboratório de informática e a
falta de espaços individuais ou coletivos específicos para estudo em equipe. A
disponibilização de vídeo aulas (aulas gravadas) em horário de aula satelitária
que deveria ser ao vivo com promoção da participação interativa e em muitas
ocasiões o professor ministrante trabalha sentado – a hora aula inteira, sem
transmitir motivação e autenticidade de interatividade, somado a insegurança da
relação teoria X prática na exemplificação de conteúdos, entre outros que completam
o rol das principais reclamações destes estudantes.
Para concluir, pode-se dizer que o sucesso do
aprendizado, nesta modalidade de ensino, depende de vários fatores. Sendo o
principal deles o uso da criatividade e responsabilidade conjunta, entre a
Instituição de ensino e o tutor presencial, que consegue com o seu trabalho,
dinamizar e minimizar muitas das situações, diminuindo o grau de insatisfação
do estudante. Ambos devem oferecer ao acadêmico um diálogo adequado,
independente de ser síncrono ou assíncrono; envolvendo materiais didáticos,
conteúdos programáticos atualizados e específicos para a área de formação. Assim
como, a disponibilização em tempo hábil de atividades práticas a serem
executadas através de ferramentas tecnológicas que anulem ou pelo ao menos
diminuam a percepção da distância física. E que o aluno EaD, precisa ser
conscientizado de que ele faz parte, que ele integra e participa do processo de
ensino-aprendizado no qual está inserido. Porque na Educação a Distância, o
aluno é o centro das atenções, ele tem função diferenciada da metodologia do
ensino convencional. Sua função é totalmente embasada na autogestão.
Enfim, considerando que a responsabilidade
das premissas levantadas para este estudo, é bilateral; acredita-se que somente
com o tempo, a experiência e a maturidade das partes é que esta modalidade de
ensino será solidificada conforme seu propósito de criação. Ou seja, surgiu
para contribuir definitivamente com uma sociedade mais justa e equilibrada
socialmente.
A expectativa final é de que este estudo contribua
para que instituições, docentes, equipes multidisciplinares e acadêmicos, repensem
suas atribuições e responsabilidades e consigam em curto espaço de tempo
encontrar fórmulas para que haja disseminação e compreensão desta fantástica
modalidade de ensino.
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